Circulam nas redes sociais algumas publicações que alertam para os alegados perigos de escovar os dentes no banho. Um dos posts, partilhado no Instagram, defende que este gesto “pode aumentar o risco de infeção”.

Segundo o autor, “compartilhar a mesma fonte de água para escovar os dentes e limpar o corpo pode levar à transferência de germes e causar doenças indesejadas”. Mas será mesmo assim?

Escovar os dentes no banho tem riscos? Provoca infeções?

Em declarações enviadas ao Viral, fonte oficial da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) informa que “não existe evidência de que escovar os dentes no banho esteja associado a uma maior exposição de bactérias, nem que tal conduza a uma maior incidência de infeções orais”.

No mesmo sentido, Anabela Paula, dentista e professora na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, refere que “esta prática não envolve riscos, desde que se mantenha o hábito da escovagem dentária duas vezes ao dia”.

Além disso, sublinha a dentista, é importante que “a escova de dentes não permaneça na zona de duche, uma vez que o ambiente húmido é mais suscetível ao crescimento de bactérias, pois existe o risco de infeção cruzada e contaminação da escova por químicos de outros produtos de higiene”.

Ainda assim, mesmo que seja prudente tomar precauções, a Ordem dos Médicos Dentistas reforça que “não existem evidências de que exista maior contaminação no duche”.

A mesma fonte destaca que “as escovas de dentes contaminam-se inevitavelmente com o seu uso e com uma variedade significativa de agentes microbianos”.

A OMD alerta, contudo, para os casos mais suscetíveis a riscos. “Em indivíduos imunodeprimidos (transplantados ou imunodeficientes) pode existir maior suscetibilidade a infeções sistémicas e a escova pode ser aqui um inoculado importante”, frisa.

Escovar os dentes no banho é menos eficaz?

Segundo Anabela Paula, não há nada que prove que “existam diferenças na eficácia de escovagem no duche ou no lavatório”. 

Contudo, “uma correta higiene oral necessita de técnicas complementares, como o uso do fio dentário ou raspadores de língua, que podem ser mais difíceis de executar no duche, a não ser que detenha um espelho”, lembra.

Para mais, na visão da dentista, “a escovagem dentária deve ser um ato consciente e rigoroso, pelo que não é aconselhável realizá-lo numa dinâmica de multitarefas, sob pena de comprometer a eficácia e induzir lesões traumáticas, devido a movimentos incorretos e/ou pressão excessiva”.

Por fim, “o ambiente quente e húmido pode alterar as cerdas das escovas, deteriorando-as e reduzindo a eficácia de escovagem”, aponta a professora da FMUC.

Qual o ambiente mais indicado para escovar os dentes? 

“Num mundo ideal, as escovas deveriam estar guardadas num local seco e a escovagem deveria ser feita fora da casa de banho, pois qualquer ambiente quente e húmido favorece a contaminação bacteriana”, refere a OMD. Contudo, isso é “impraticável”.

Assim, “no dia a dia, a escovagem deve ser feita em frente ao espelho, usando uma técnica adequada e complementada com técnicas de higienização dos espaços interproximais e língua”.

Segundo Anabela Paula, recomenda-se também “guardar a escova de dentes em local seco, limpo e longe de fontes potenciais de contaminação”.

Para mais, “a substituição da escova de dentes deve ser realizada a cada três meses, ou antes, se as cerdas estiverem desgastadas”, salienta.

A Ordem dos Médicos Dentistas aconselha a população a “consultar o seu médico dentista com regularidade para aferição da utilização de técnicas de higiene oral adequadas e uma monitorização da sua saúde oral”, pois considera que “este é um aspeto preventivo essencial”.

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